segunda-feira, 12 de junho de 2006

Nós precisamos de autores brasileiros como Dan Brown

Eu não me lembro em que revista que eu li uma opinião sobre livros simples/médios que tivesse apelo mais popular (acho que foi numa coluna da Veja), mas após ter terminado de ler O Código Da Vinci, eu não poderia concordar mais.

Pra começo de conversa, o livro não é muito bom. Sim, Dan Brown sabe encadear muito bem uma história que possui elementos históricos reais e elementos fictícios. O leitor realmente fica preso ao livro, querendo saber o que vai acontecer, como é que tudo vai se resolver. No entanto, a história em sim (uma busca pelo Santo Graal) é um tanto enfadonha. A melhor parte da história são as informações sobre o Graal e não a busca em si. Não tem nada de muito diferente de um livro de detetive, com assassinos sem motivos plausíveis. A própria forma em que os personagens são apresentados facilita bastante a descoberta do assassino já na metade do livro.

Deixando isso de lado, o livro tem um apelo interessante e é muito bom para quem não está acostumado a ler livros. Embora o tamanho do livro possa assustar, o envolvimento é grande e faz com que você esqueça o número da página no alto da folha. Esse em especial teve um grande nível de divulgação, principalmente por causa da Igreja Católica, que afirmou que quem fosse católico, não deveria lê-lo.

Esse tipo de livro, sem muita pretenção literária, deveria ser incentivado nas escolas, ao lado das obras clássicas brasileiras. Não dá pra querer que uma criança/adolescente se motive a ler tendo que encarar O Guarani, A Moreninha ou Memórias Póstumas de Brás Cubas. Esse último, por sinal, é muito bom mas eu me lembro de lê-lo a primeira vez com muita raiva, pois Machado de Assis não é exatamente literatura para adolescentes cheios de hormônios, com "coisas mais importantes" para pensar :P.

Eu me lembro de na escola ter lido uns três livros de Pedro Bandeira sobre um grupo de adolescentes chamdos Os Karas. Em termos de tipo de história, não eram muito diferentes do de Dan Brown e eu li todos 3 mas de 4 vezes. Meus colegas que não gostam de ler também leram com mais entusiasmo do que o esperado. Provavelmente se mais livros como esses tivessem sidos apresentados nas aulas de literatura, muitos teriam criado o hábito de ler livros e não apenas revistas de carro, videogame ou mulher pelada (embora revistas devam ser incentivadas também, pois ajudam a criar o hábito).

É uma pena que esse tipo de autor no Brasil não é muito "bem visto". Se hoje em dia pouquíssima gente lê no Brasil, com essa falta de incentivo a livros menos pretensiosos eu não acredito que teremos muitas mudanças nesse sentido. Ler deve ser antes de tudo um prazer e sem obras obras brasileira que foquem ao menos nisso, não teremos o país de leitores; o que por tabela significa que não teremos brasileiros mais questionadores.

E não se esqueça, você também pensa!
Igor.