sábado, 16 de julho de 2005

Deus existe ou não passa de probabilidade? (post antigo)

Uma vez, almoçando com uns amigos, um deles disse que "Deus é probabilidade". A frase surgiu porque estávamos falando de uma cena do filme A Lista de Schindler em que um soldado nazista tenta matar um trabalhador com a famosa pistola Luger, que tem fama de não falhar. Pois bem, no filme o soldado usou 3 e todas elas falharam. E dizem que isso realmente aconeteceu. Seria obra de Deus ou simples probabilidade? Deus existe ou foi criado pela incapacidade dos humanos de explicar o mundo e o sentido da vida?

Richard Dawkins, famoso evolucionista, diz que colocar Deus no meio da história pra tentar explicar o mundo leva a outros problemas, como ter que explicar o que existia antes de Deus existir. Ou seja, a ciência é que deve ser a única fonte de explicação para o mundo, porque através de observações e experimentações, não podemos chegar a toda e qualquer explicação racional. Dizer que Deus existe é uma questão de fé e cada um tem a sua (substitua Deus pela(s) entidade(s) em que você acredita, ou não :). O que eu vou fazer é um simples exercício mental baseado na premissa de que Deus (entidade(s)) não existe e examinar as consequências disso.

Se Deus não existe, então tudo deve ter uma explicação racional que, com tempo suficiente, será descoberta pela ciência. Isso significa que todas as leis que regem o comportamento de toda matéria existente no universo será conhecida após um tempo t finito. E significa também que a origem da matéria será explicada também. Se a origem da matéria for encontrada, o que exisitia então antes da origem, assumindo que não houve geração espontânea? Em suma, temos o mesmo problema se colocarmos Deus na história. No final das contas, a ciência seria a nova "religião" que teria explicação pra tudo, menos para o mesmo problema que as religiões encontram. Ainda sob a mesma premissa, se tudo não passou de probabilidade, qual é a probabilidade de existir seres humanos no tempo atual, dado que no início só existiam componentes bem primitivos de matéria? Ou qual a probabilidade de um organismo simples evoluir até chegar a um organismo mais complexo?

Na minha opinião, probabilidade explica muitos fenômenos mas ela não passa de uma abstração matemática que ajuda você a pensar sobre eventos dos quais você não tem como prever o resultado. Mas na vida real, tudo é determinístico. Todo efeito tem uma causa que tem uma explicação racional e não probalística. O fato de você não conhecer essa explicação não quer dizer que não exista. E o fato dela existir também não nega a existência de Deus, se você pensar em Deus como o originador da matéria e suas leis de interação. Isso porque, se Deus criou o universo, Ele é que deve ter estabelecido todas as leis que descobrimos cada vez que a ciência avança. Mas, seguindo essa linha de raciocí­nio, dizer que Deus não existe não vai facilitar em nada a explicação do universo. E colocá-lo também não, a não ser que você queira viver acreditando em dogmas, uma coisa tí­pica de religião. Eu prefiro acreditar em Deus, na ciência e deixar a religião de lado.


E não se esqueça, você também pensa!
Igor

terça-feira, 12 de julho de 2005

Consiência política

Ontem a noite quando eu fui pegar meu pai no trabalho, aproveitei pra ir comer tapioca. Tem uma senhora que fica com seu carrinho numa esquina, de frente pra CHESF/ONS e eu fui lá com Ina. Enquanto a gente esperava as nossas ficarem prontas, algumas pessoas estavam discutindo política, em especial a época de Collor e o escândalo do mensalão. O que me fez prestar atenção na conversa não foi nem esses assuntos, mas o fato de uma senhora, acho que na faixa dos 50-60 anos, dizer que utiliza muito o 0800 que a câmera dos deputados (0800-619-619) e o senado (0800-612-211) disponibiliza para reclamar/elogiar quando ela acha necessário.

Eu me senti um pouco envergonhado ao ouvir isso. Quantas vezes nós discutimos sobre a situação do Brasil, sobre o desempenho dos senadores e deputados e depois deixamos tudo como está? Creio que essa senhora tem muito mais consiência política do que muitos militantes de partido e pessoas formadas, pois ela faz a coisa certa: se eu ajudei a eleger esse povo todo, eu tenho mais é que criticar/elogiar a atuação deles. Já imaginou se todos fizessem isso? Talvez chegaríamos a algo parecido com o que os americanos conseguem, ao escrever cartas para os deputados e senadores (embora eu não ache que seres humanos que tenham reeleigido George W. Bush para presidente sejam bons modelos de comparação... :P).

A pressão da sociedade é a única forma de garantir a condução correta de um país. E é obvio que os políticos sabem disso, ou vocês acham que a educação pública é ruim por que? Quanto mais ignorante for o povo, mais fácil vai ser trocar voto por cesta básica, tijolos, dentadura, etc. Nós que somos a "elite pensante" do país é que deveríamos estar fazendo a mesma coisa que essa senhora faz. Mesmo sendo uma minoria nesse país, somos a minoria que podemos instruir os menos afortunados a ter uma melhor consiência política. Ou, no meu caso, ser instruídos por eles. Já vi reportagens de empresas que realizam um trabalho desse tipo com todos os seus funcionários e uma coisa que eu sempre digo é que cada um tem que fazer a sua parte, independentemente do que o outro está fazendo. Se você faz a sua parte, você tem o direito de reclamar quando algo sai errado.

O mais interssante é que, se isso fosse generalizado, teríamos uma sociedade menos tolerante com a corrupção, o que ajudaria a diminuir a corrupção em todos os níveis, desde o suborno pago ao guarda para livrar uma multa até os crimes de colarinho branco. Infelizmente, isso é um processo logo e que implica numa mudança cultural enorme, mas não impossível. Pode-se começar com os amigos e os colegas de trabalho e depois com meios de comunicação mais abrangentes, como um blog :P (embora esse seja mais restrito para o povo em geral).

E não se esqueça, você também pensa!
Igor.

sexta-feira, 8 de julho de 2005

Guerra dos mundos

Digamos que eu não esperava tanta coisa assim do filme, já que o tema principal envolvia alienígenas. Com raríssimas exceções (Star Wars, Alien e Predador I, na minha opinião é claro :), filmes com extraterrestres são ruins. Mas eu dei uma carta de crédito a Spielberg e resolvi ir assistir Guerra dos Mundos. Posso dizer com certeza que esse foi o pior filme que eu assisti esse ano. O filme conta a história de uma invasão alienígena com a intenção de tomar o planeta Terra dos humanos. A história em si é antiga e foi contada na rádio por Orson Wells em 1938. Na época, as pessoas realmente acreditarem que a invasão estava ocurrendo, o que causou um pânico generalizado.

Posso dizer que a história é bem contada, embora o foco é mais no relacionamento de Ray (Tom Cruise) com seus filhos do que no que vai ser feito para salvar a humanidade. Eu passei o filme todo me perguntado: "Como é que os humanos vão conseguir ganhar essa agora?" . Eu sinceramente pensei que o final ia ser completamente trágico ou que ia ter uma deixa pra um possível segundo filme, porque o negócio ficava cada vez pior. De repente, algo inusitado (e previsível até certo ponto) acontece e os alienígenas são derrotadas. E é exatemente isso que acaba com o filme. Tudo bem, a história era mais sobre relacionamento humano, a ponto de que se a invasão fosse substituída por situações cômicas, você teria uma comédia com o mesmo final, do ponto de vista do relacionamento. Mas acabar o filme daquele jeito dá a impressão de que faltou orçamento pra fazer algo mais criativo.

Como eu nunca li a história original e nem estava vivo e m 1938 para saber se o final era o mesmo, eu não posso culpar o diretor por isso. Na verdade, eu prefiro não descobrir pra não ficar com mais raiva ainda, já que eu gastei 12 reais pra ir ver esse filme e se soubesse eu não teria ido. Para aqueles que não se importam em saber o final, aqui vai ele! Esteja avisado: os alienígenas morrem por infeção bacteriana. Que raio de civilização avançada é essa que consegue construir máquinas de destruição, naves espaciais e não consegue fazer uma simples pesquisa pra saber se o ambiente é propício para vida delas???

E não se esqueça, você também pensa!
Igor.

quarta-feira, 6 de julho de 2005

Sobre atualizações

Principalmente depois que eu tive que apagar os posts do blog, eu fiquei mais relaxado com as atualizações. Mas agora eu vou me comprometar a uma atualização mais constante. Garantidamente, eu vou atualizar o blog toda terça-feira a noite. Pode haver atualizações no período, mas com certeza toda terça vai ter uma. Os posts antigos eu vou ir colocando toda quinta-feira, até terminá-los. Daí pra frente, eu vou ficar atualizando na terça e na quinta com um post novo.

E não se esqueça, você também pensa!
Igor.

terça-feira, 5 de julho de 2005

Conhecimento é uma faca de dois gumes

Hoje eu tava usando o Google Earth, maravilhando-me com a criatividade das pessoas que o criaram. Não é a apenas o fato de eu ter conseguido achar o prédio em que eu estudei alemão em Berlin; a interface é muito boa, os gráficos são bem detalhados, tudo muito bom! Obviamente, eles tem orçamento e cacife para conseguir criar um programa desses, mas independentemente disso, qualquer programador que se preze deve ter se perguntado: por que eu não tive a idéia de fazer isso?

Vamos olhar isso por outro ângulo. Quando eu entrei na faculdade, eu tinha idéias mirabolantes para programas. Idéias essas que eram compartilhadas por outros colegas. O que foi que aconteceu com elas? A maioria não foi implementada (existem exceções, com uma menção honrosa para o Brega Race :). A medida que eu fui estudando, eu fui compreendendo o que era necessário para que cada uma das minhas idéias pudessem sair da minha cabeça e transformar-se no que eu queria. Com o tempo, eu "entendi" que antes de implementar uma idéia eu preciso analisar a viabilidade. Isso, obviamente, começa a limitar a sua criatividade. Você passa a ter idéias "implementáveis", que não necessariamente são divertidas ou inovadoras. Em outras palavras, todas aquelas idéias mirabolantes vão embora. Acho que eu cursei umas 2-3 disciplinas em que a minha criatividade (e a dos meu companheiros de grupo) pôde ser utilizada ao máximo.

É interessante observar que isso aconteceu porque eu passei a ter mais conhecimento sobre o assunto. Quanto mais eu estudava, menos criativo eu ficava. É óbvio que isso é uma simplificação, mas mostra que mais conhecimento não se traduz necessariamente em mais idéias. É preciso ter uma mente aberta para que o conhecimento em uma área não interfira em outra. Ou, de outra forma, leia, namore, escute música, veja filmes, escreva um blog com idéias caóticas, mas não se limite a sua (pequena) área de atuação.

E não se esqueça, você também pensa!
Igor.