segunda-feira, 26 de março de 2007

Todos nós usamos drogas. Sem exceção.

Se você sair perguntando na rua o que as pessoas pensam de drogas, dificilmente você vai encontrar uma resposta positiva. A grande maioria vai dizer que "drogas não estão com nada", "drogas são o caminho da perdição" e todo e qualquer chavão que você possa imaginar, repetido ad infinitum.

No entanto, se você perguntar sobre cigarro, bebidas, comida, sexo, trabalho; muitos irão dizer que não conseguem viver sem ao menos uma delas. Obviamente estou falando de excesso, mas a questão é que todos nós temos as nossas drogas, algumas lícitas, outras que nem são consideradas como drogas, mas todas com o mesmo propósito: alterar a nossa percepção atual do mundo, por apenas um instante que seja.

Por que as pessoas adentram o mundo das drogas ilícitas? Pelo mesmo motivo que as pessoas passam a comer muito, trabalhar demais, transar a toa, beber e fumar. A diferença é que as drogas ilícitas são mais "perigosas", o vício pode ser mais rápido e a dependência mais forte. No entanto, o que dizer de um workaholic, ou de um comilão? E o que dizer de alguém que bebe diariamente ou que fuma uma, duas, três carteiras de cigarro por dia? Todos sentem a mesma coisa quando usufruem das suas drogas: um prazer maior, uma alteração do seu estado de consciência que permite que as coisas ruins do dia-a-dia sejam simplesmente ignoradas por alguns minutos, em favor de um estado "artificial" de alegria que vai embora na mesma velocidade que chega.

O vício é o grande vilão da história e não a substância. Os nossos vícios são os nossos canos de escape das nossas pressões diárias. São uma das formas de conseguirmos passar pela vida sem machucar os outros, moral ou fisicamente, pois descontamos no vício. No entanto, é também o vício quem destrói e modifica a nossa vida para pior quando perdemos o controle sobre ele.

Onde eu quero chegar com tudo isso? Drogas continuam sendo ruins e ninguém deveria usá-las, mas precisamos mudar a nossa percepção do que as drogas realmente são. Talvez seja fácil classificar de marginal alguém que esteja envolvido com maconha, cocaína, crack, etc. Mas pra mim soa hipócrita dizer isso e ao mesmo tempo não largar os seus próprios vícios. Isso não significa que devemos parar de discutir sobre o assunto ou de repente legalizar todas as drogas, mas devemos sim olhar o que leva alguém a ser viciado em o que quer que seja.

E não se esqueça, você também pensa!
Igor.

P.S.: Eu quis tirar da discussão a questão social e rapidamente destruidora que é típica das drogas ilícitas, pois a questão aqui discutida é a intenção e não o efeito. Não podemos negligenciar o efeito avasalador das drogas ilícitas, mas em princípio qualquer "alterador do consciente" teria o mesmo efeito, desde que a quantidade e o tempo fossem suficientes para isso.

quinta-feira, 15 de março de 2007

Software livre em horário nobre

Ontem a noite eu estava assitindo Paraíso Tropical (não, eu não tinha nada melhor para assistir) e em uma das cenas o vilão da história estava editando o audio de uma gravação que ele havia feito para incriminar o mocinho :P Até aí, nada demais. Mas o fato que me chamou a atenção foi que ele estava usando o software livre Audacity para fazer a edição. Como a interface do software é praticamente a mesma independentemente do sistema operacional usado, não deu pra saber se ele estava sendo rodado no Windows ou no Linux. Meu palpite vai pra Windows :(

Mas o que eu quero apontar aqui é que isso é uma novidade, considerando a televisão brasileira e até televisão de um modo geral. Tipicamente, quando se tem alguém em um filme/novela/série usando um computador, os softwares usados não existem. São o que se chama de representações visuais que normalmente não tem nada haver com um software típico. Isso tem mudado e hoje é mais comum você encontrar softwares reais sendo usados e ao menos para mim, foi a primeira vez que eu vi um em um programa de televisão brasileiro (estou excluindo programas ao vivo que usam computadores).

O fato de ser software livre pode ser apenas um detalhe - deve ter sido usado para evitar qualquer problema com softwares comerciais, pois eu acho que SoundForge ou GoldWave seriam as opções mais prováveis. No entanto, eu fico feliz de ver que software livre está fazendo parte da realidade brasileira, mesmo em uma obra fictícia como uma novela. Talvez seja resultado da ênfase que o governo atual colocou em software livre também. Quem sabe veremos também outros softwares sendo usados, como o navegador web Firefox (tem um link no topo da minha página para quem quiser instalá-lo) ou até mesmo o Linux?

E não se esqueça, você também pensa!
Igor.

sexta-feira, 9 de março de 2007

Voltando à minha vida normal

Agora que a poeira do mestrado abaixou, estou voltando a organizar melhor a minha vida. Muita coisa tava acumulada, tanto em casa como no trabalho, e agora eu preciso recuperar o tempo perdido. É incrivel o quanto uma tarefa pode consumir a sua vida de uma maneira tão egoísta - o que por tabela lhe torna também um pouco egoísta. Que o diga a minha esposa que teve que aguentar o meu stress e mau humor durante essas últimas semanas.

Pelo menos agora eu tenho mais tempo pra mim!
Ah! e esse vai ser o último post sobre o meu mestrado. Tenho muitas outras coisas interessantes para falar (escrever) :D

E não se esqueça, você também pensa!
Igor.

terça-feira, 6 de março de 2007

Jetzt bin ich Meister!

Nossa, a minha última atulização foi no dia 15 de Julho de 2006, 13 dias antes do meu casamento. De lá pra cá, já se passram quase 8 meses e já me considero estabilizado nessa minha nova vida. Tem sido uma experiência emocionante e muito gratificante dividir a minha vida com a pessoa que amo e a cada dia que passa eu tenho ainda mais certeza que casar foi a uma das decisões mais acertadas da minha vida. Talvez em um outro post eu disserte um pouco mais sobre a vida de casado, mas agora eu quero falar sobre uma outra recente conquista, que justifica o títilo desse post.

No dia 05 de março de 2007, eu finalmente defendi a minha dissertação de mestrado e agora eu sou Mestre ( = Jetzt bin ich Meister) em Ciência da Computação. Foram 24 meses de luta, com um aperreio grande nas semanas finais, mas que graças a Deus terminou bem. A minha dissertação ainda terá que passar por um período de correções - tenho 30 dias para isso - mas nada que comprometa o conteúdo.

Fazer o mestrado foi uma experiência enriquecedora mas também um tanto frustrante. Nas palavras da minha orientadora, as duas maiores lições que eu pude tirar do processo foram 1) Nem sempre é possível resolver tudo sozinho, por isso peça ajuda e 2) Até mesmo as pessoas inteligentes podem fazer merda. Essa última lição foi a parte mais difícil. Eu me considerava (e ainda me considero) uma pessoa extremamente capaz e que por isso mesmo poderia fazer tudo que eu quisesse, mesmo sem a ajuda de ninguém. Um tanto pretencioso, é verdade, mas que funcionou durante muito tempo. Até que eu constatei pouco tempo antes da minha defesa que o o meu trabalho estava errado em um dos seus principais aspectos. No lugar de pedir ajuda, eu tentei resolver sozinho e passei um bom tempo empacado, o que acabou comprometendo o texto final da dissertação. Depois de muita teimosia, resolvi falar com minha orientadora e soube que o que estava errado não era um problema. Ao contrário, também era uma contribuição do meu trabalho.

O alívio que eu senti foi tamanho que eu pude rapidamente identificar por que estava errado, o que eu poderia fazer para consertá-lo e ainda ver que, apesar do erro, eu ainda tinha contribuído com outras coisas. No final, tudo poderia ter sido melhor se eu tivesse pedido ajuda e não tivesse me isolado, mas mesmo assim o trabalho ficou bom. 30 dias para consertar serão mais do que suficientes e eu poderei então ter a certeza que consegui terminar o mestrado com uma contribuição para a comunidade acadêmica e talvez até para a sociedade de um modo geral.

Aliás, essa questão de contribuir para a sociedade foi o principal motivo para que me inscrevesse no mestrado. Eu quero poder usar o meu conhecimento para melhorar a vida das pessoas e acho que o mestrado é um dos caminhos para alcançar esse objetivo. Pra mim seria bastante gratificante ver o resultado da minha pesquisa poder ser aplicado na prática e se isso algum dia acontecer, eu poderei dizer que alcancei o meu objetivo. Por enquanto, ficou a sensação de que, embora poderia ter sido melhor, eu fiz sim um bom trabalho. E é por isso que agora eu posso dizer em alto e bom som:

JETZT BIN ICH MEISTER!

E não se esqueça, você também pensa!
Igor.